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Para quem há anos dizia que não estava mais aguentando a nova realidade pandêmica do mundo que se instalou após a chegada da Covid-19 em 2020 e do Mpox em 2022, a semana passada foi um verdadeiro alento.

Primeiro, no dia 05 de maio, a OMS (Organização Mundial da Saúde) após uma longa reunião declarou o fim da emergência de saúde pública pela Covid-19 iniciada em 2020. E apenas alguns dias depois, em 11 de maio, foi a vez do fim da emergência pelo Mpox.

Pelas reações que testemunhei a essas duas notícias, tenho a nítida impressão de que, para a Covid-19, as pessoas entenderam como será daqui para a frente, especialmente em relação às novas doses de vacina que serão recomendadas futuramente. No entanto, para o Mpox percebo um vácuo de informação.

Antes que alguém mais empolgado ache que o anúncio recente da OMS se assemelha no caso do Mpox à erradicação da sua “prima” Varíola Humana na década de 1980, é preciso alertar que agora a situação é bem diferente.

O fim da emergência de saúde pública significa que, depois de cerca de 1 ano, de mais de 87.000 casos em todo o mundo e de 140 mortes em decorrência da doença, os números do surto mundial de Mpox finalmente melhoraram.

Melhorar, entretanto, não é o mesmo que erradicar. E a própria OMS coloca bastante ênfase em seu anúncio no fato de que o Mpox continua e continuará circulando pelo mundo, sobretudo na África Central. E que é possível que novas ondas da doença ocorram.

No Brasil, foram notificados, desde junho de 2022, 10.929 casos confirmados de Mpox e 16 óbitos. Nas duas últimas semanas, foram registrados em todo o país apenas 14 novos casos da doença, segundo o painel de monitoramento de Mpox da OMS.

Uma vez que praticamente todos os óbitos no Brasil ocorreram entre pessoas vivendo com HIV já em estágio avançado da doença (Aids), foi esse o grupo escolhido pelo Ministério da Saúde para a priorização da vacinação.

A partir de agora então, devemos todos, população geral e profissionais da saúde, além de comemorar a melhora nos números do surto, nos manter atentos aos sinais e sintomas da Mpox. Afinal, é esperado ainda que poucos casos continuem acontecendo.

Daqui pra frente, um novo caso de Mpox não pode jamais deixar de ser notificado à vigilância epidemiológica, pois somente assim teremos uma real noção da situação brasileira.

Além disso, todas as pessoas vivendo com HIV sejam elas recém-diagnosticadas ou não, que tiverem os critérios de vacinação para Mpox (contagem de CD4 < 200 cél/mm3) devem ser encaminhadas para o centro de vacinação para receber as doses do imunizante.

E não podemos nos esquecer que o Ministério da Saúde reservou um quantitativo de doses da vacina para ser usado como Profilaxia Pós-Exposição para pessoas que tiverem contato próximo com um caso confirmado da doença.

Por fim, da mesma forma que com a Covid-19, devemos estar sempre atentos aos anúncios dos órgãos oficiais de saúde pública para eventuais novas ondas de casos decorrentes, por exemplo, de variantes genéticas do Mpox.

Sem pânico e com conhecimento é bem mais fácil se proteger dessas e das próximas pandemias que surgirem.

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