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Na história da epidemia brasileira de HIV/Aids, o município e o estado de São Paulo sempre estiveram à frente do resto do Brasil.

No início da década de 1980, foram diagnosticados lá os primeiros casos da doença, todos provenientes da Europa e Estados Unidos. Também foram registradas em São Paulo as primeiras mortes em decorrência da Aids, o que levou, anos antes do resto do país, à criação dos primeiros serviços de saúde e gestão administrativa especializados na doença.

Em 1994, de forma inédita, São Paulo passou a realizar a notificação de todos os casos de infecção por HIV, independente do estágio da doença. O resto do Brasil só começou a fazer o mesmo no ano de 2014. Até lá, por mais que isso pareça não fazer o menor sentido hoje, só eram notificados ao Ministério da Saúde os casos de Aids, de infecção em gestantes e de crianças infectadas por transmissão vertical (materno-infantil).

Falando em saúde reprodutiva, em 2019 São Paulo foi a primeira cidade do seu porte no mundo a conseguir eliminar a transmissão vertical do HIV como resultado da melhora da cobertura do atendimento pré-natal de qualidade. E na última semana, o município recebeu mais uma vez do Ministério da Saúde a certificação de que manteve desde então essa meta.

Assim para a transmissão vertical, em São Paulo a transmissão sexual entre adultos do HIV tem atingido metas boas e inéditas.

De acordo com o Boletim Epidemiológico do município publicado no último dia 1º de dezembro, nos últimos 6 anos, a taxa de detecção de novos casos de infecção por HIV por 100.000 habitantes caiu em cerca de 40%, o que o próprio documento atribui à ampliação do acesso à Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e aos demais métodos de testagem, prevenção e tratamento.

De fato, o município de São Paulo foi o primeiro do país a acreditar que a PrEP poderia causar impacto significativo na curva de incidência de HIV. Isso fez com que tanto o número de serviços oferecendo esse método de prevenção quanto o número de usuários da PrEP explodisse nos últimos 5 anos. São Paulo hoje, sozinha, concentra quase 30% dos usuários de PrEP de todo o Brasil.

Segundo o mesmo Boletim, no período de 2016 a 2021, o tempo médio entre o diagnóstico de uma infecção por HIV e o início do tratamento antirretroviral na cidade de São Paulo foi de 116 para apenas 13 dias.

Uma vez que as pessoas que vivem com HIV em tratamento adequado não só impedem que a infecção progrida para a Aids, mas também deixem de transmitir seus vírus para suas parcerias sexuais, testar, diagnosticar e tratar rapidamente todas as pessoas infectadas com o HIV é uma etapa fundamental do controle da epidemia.

Em 2022, São Paulo inovou mais uma vez e iniciou novas modalidades de atendimento. Foram criados o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da Cidade e o Projeto PrEP na Rua, dois serviços itinerantes que percorrem todo o município oferecendo atendimento de testagem e prevenção do HIV em horários alternativos, facilitando o acesso às pessoas que não frequentam os serviços tradicionais.

Com a queda acentuada no número de novos casos, São Paulo se junta a outras cidades do planeta que já começam a vislumbrar no horizonte a possibilidade da eliminação também da transmissão sexual do HIV entre adultos e atingir um controle real da epidemia.

Que os bons resultados locais nos motivem para a expansão ainda maior das políticas de sucesso na cidade de São Paulo, combatendo as desigualdades de acesso à saúde por motivo de raça, gênero e local de moradia.

Parabéns, São Paulo, por mostrar aos brasileiros que o enfrentamento de uma epidemia se faz baseando-se em conhecimento científico, equidade e acolhimento.

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