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Chegou o tão esperado carnaval de 2024. Dessa vez, a festa chega sem o desespero de fim de pandemia de Covid-19 e com mais ar de normalidade e volta da tradição. 

Sendo uma época de festas, de viagens e de encontros, tradicionalmente o Carnaval é considerado como uma data em que as pessoas podem ficar mais vulneráveis às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Por isso, para você que faz parte dessa turma, resolvi listar aqui 4 coisas que não devem sair da sua cabeça durante e nem depois da folia.

1. Conheça os métodos de prevenção do HIV e escolha os que consegue usar 

Se tem vida sexual ativa, você precisa estar por dentro de todos os diferentes métodos de prevenção contra o HIV para encontrar aqueles que consegue usar de forma correta e efetiva. O uso da camisinha é sem dúvidas a forma mais simples, barata e disponível para se manter bem protegido do HIV e de outras ISTs, mas sabemos que apenas parte da população sempre vai conseguir usá-la com boa adesão ao longo da vida. 

Para as pessoas que não conseguem, o uso de métodos adicionais de prevenção pode ser a melhor (se não a única) forma de evitar a infecção por HIV.

Se no meio do carnaval alguma exposição aconteceu fora do planejado, como uma camisinha que se rompeu ou se não foi usada, o uso da PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV) pode estar indicado. Você pode encontrar mais informações sobre a PEP aqui.

Mas se no momento dessa exposição a pessoa estava em uso adequado da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) ou se a sua parceria vivia com HIV e estava em tratamento antirretroviral adequado mantendo a carga viral indetectável, o não uso da camisinha não deve ser motivo de preocupação quanto ao risco de transmissão do HIV.

Em cada fase da vida, pessoas diferentes poderão precisar de esquemas diferentes de métodos de prevenção contra o HIV. Isso é o conceito de Prevenção Combinada, abordagem adotada pelo Ministério da Saúde desde 2017. 

O que não é uma boa ideia para a sua saúde é deixar a exposição acontecer sem buscar encontrar os melhores métodos para aquela situação.

2. O HIV não é a única IST 

Ainda que seja a IST mais lembrada e com frequência a que mais causa preocupação, o HIV não é a única IST e nem mesmo a mais fácil de se pegar em uma relação sexual. 

O sexo oral, por exemplo, que é praticado pela maior parte da população mundial sempre sem preservativo, é uma via de transmissão bastante eficiente para as outras ISTs, mas não para o HIV. 

Para tornar o cenário ainda mais complexo, um indivíduo pode ter se infectado por uma dessas ISTs no carnaval e não apresentar nenhum sintoma. Nesse caso, só será possível fazer o diagnóstico correto dessa infecção e o seu tratamento por meio da testagem para ISTs. 

Assim, se você foi para o carnaval e teve pelo menos uma relação sexual no meio da folia, é bom ter planejado após a sua volta o rastreamento de ISTs, independente da presença ou não de sintomas. Aliás, aproveite e coloque na sua rotina de vida a testagem para ISTs, pois assim cuidará não só da sua saúde, mas também da saúde da sua comunidade.

3. Saiba reconhecer quando está com sintomas de uma IST

Quando ISTs como a sífilis, gonorreia, clamídia ou Mpox apresentam sintomas, eles costumam aparecer dentro das primeiras semanas depois da exposição em que houve a transmissão. Cada um dessas ISTs tem sintomas específicos, mas em geral, existem alguns que são bastante sugestivos de que você está com uma dessas infecções. 

Se depois da volta do carnaval você notar feridas em genitais ou perto do ânus, dor para urinar ou na evacuação, saída de secreção purulenta ou muco pela uretra, vagina ou nas fezes, e/ou o aparecimento de gânglios aumentados e doloridos na virilha, busque a avaliação de um profissional da saúde.

Os casos de ISTs bacterianas estão em alta no Brasil e no mundo desde o início do século. Mais recentemente, os casos de Mpox também voltaram a subir no Brasil. 

O medo e vergonha de buscar atendimento podem retardar o diagnóstico correto e o seu tratamento efetivo.

Lembre-se: a pior IST é aquela que não foi diagnosticada nem tratada.

4. Avisar as parcerias sexuais faz parte do tratamento de uma IST

Sempre que uma IST é diagnosticada, temos a certeza de que existe no mínimo outra pessoa no planeta que também precisa de tratamento, afinal essas infecções são sempre transmitidas de uma pessoa para outra.

Na pandemia de Covid-19, aprendemos rapidamente a importância de avisar as pessoas próximas, com quem tínhamos nos encontrado recentemente, sempre que tínhamos um teste positivo. Com ISTs, as coisas não são diferentes, no entanto devido ao tabu que paira sobre o tema, nem sempre essa notificação dos contatos próximos é feita.

Notificar as parcerias faz parte do tratamento completo de uma IST e não tem como objetivo buscar um culpado ou a origem da infecção. Ao contrário, é um ato de cuidado e cidadania capaz de aumentar a cobertura de diagnóstico e tratamento das ISTs em uma comunidade.

Dicas como essas ajudam a pautar a saúde sexual na ciência, na tecnologia e no acolhimento isento de moralismo. Esse é o melhor caminho para que toda a população viva sua vida sexual com mais saúde e liberdade.

*Texto originalmente postado na seção VivaBem do UOL.

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